"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

sábado, 25 de junho de 2011

"Canção aos homens de Inglaterra"

"A greve", Cândido Portinari

"Homens de Inglaterra, arar a terra com que fim
Para o senhor que sem pesar os anula?
Por que razão tecer laboriosamente assim
A rica veste que o tirano a usurpar estimula? 

Por que razão dar o alimento, a vestimenta, o acalento,
Prover conforto a todo o momento,
aos ingratos que sem vacilar
sufocam seu respirar e seu sangue bebem, devagar?

Por que razão, gratos homens de Inglaterra, forjam
Vocês tantas armas, correntes, flagelos,
E dão assim a usurpadores a força
Que os submete e os açoita?

Há acaso para vocês lazer, sorriso, folga,
Abrigo, alimento, sombra alguma da vida fidalga?
Em troca de que fazem tanto e tão duro esforço
Com dor e temor e a eterna espreita do calabouço?

Para outros brotam as sementes que jogam à terra
desfrutam-nas outros as riquezas, vocês, a tapera
as roupas que tecem, outros as vestem
Sequer as armas que forjam são vocês que embrutecem.


Percy Bysshe Shelley

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