"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

domingo, 26 de maio de 2013

Invasão dos povos do mar

Na segunda metade do século XIII a.C., o Oriente Próximo conheceu deslocamentos maciços e complexos de populações chamadas - segundo uma qualificação egípcia - os "povos do mar". Por razões desconhecidas, povos vindos da Europa oriental penetraram brutalmente na Anatólia ocidental, multiplicando nela as destruições. Alguns se instalaram ali, outros prosseguiram seu caminho para o leste, acompanhados ou precedidos pelas populações anatólias que haviam expulsado.


Representação egípcia dos povos do mar

Esse vasto movimento de guerreiros acompanhados de suas famílias atravessou a Anatólia, depois desceu ao longo da costa mediterrânea, do oriente às costas do Egito. Deslocavam-se à pé ou de navios e sua chegada nas regiões controladas até então pelos impérios hitita e egípcio provocou uma verdadeira onda de choque. É difícil saber se teriam sido diretamente responsáveis pelo mais espetacular desses esfacelamentos, o do Império Hitita na Anatólia.

Em contrapartida, atribui-se a eles, de maneira segura, as destruições violentas constatadas na ilha de Chipre, em Ugarit, e em vários principados levantinos. As principais cidades fenícias, instaladas em ilhas ou promontórios rochosos, chegaram a resistir-lhes. Os povos do mar foram finalmente detidos às portas do Egito, em 1208 a.C., pelo faraó Merneptah, que matou e fez prisioneiros vários milhares deles, "façanha" repetida por seu sucessor Ramsés III em 1117 a.C.

A partir de então, uma vez rompido o ímpeto principal, certos povos do mar, como os filisteus, instalaram-se na região à qual deram seu nome (Palestina), enquanto outros retomavam o mar em direção oeste. As fontes egípcias, que viam neles invasores vindos da Ásia, fornecem-nos os nomes de vários desses povos - Luka, Shirdana, Sikala, Akawasha, Peleset, Turusha - que foram ligados a países (Lácia, Sardenha, Sicília) ou a povos (aqueus, filisteus, etruscos). Esses nomes poderiam corresponder a suas regiões de origem ou a seu destino final, sem que essas identificações sejam perfeitamente determinadas.

SALLES, Catherine (dir.). Larousse das Civilizações Antigas 1: Dos faraós à fundação de Roma. São Paulo: Larousse do Brasil, 2008. p. 71.

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