"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Imigrantes 5: Vivendo a América

Mulher e criança japonesa na limpeza do cafezal. Interior do Estado de São Paulo. Museu Histórico da Imigração Japonesa

Texto 1. Do lado esquerdo, toda a parte em que havia varanda foi monopolizada pelos italianos; habitavam cinco a cinco, seis a seis no mesmo quarto, e notava-se que nesse ponto a estalagem estava já muito mais suja que nos outros [...]

Era uma comuna ruidosa e porca a dos demônios dos mascates! Quase que se não podia passar lá, tal a acumulação de tabuleiros, de louça e objetos de vidro, caixas de quinquilharia, molhos e molhos de vasilhame de folha-de-flandres, o diabo! E tudo isso no meio de um fedor nauseabundo de coisas podres que empesteava o cortiço. (AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Abril Cultural, s.d. p. 203-204.)

Texto 2. "Dadas as condições de trabalho, e emigração para as fazendas pode convir só quando o camponês tem uma família numerosa, isto é, quando pode dispor de muitos braços e três ou quatro crianças que o ajudem na colheita, mas sobretudo quando tem uma mulher ativa e inteligente que saiba usufruir das vantagens que a fazenda lhe oferece: a horta, a lenha dos bosques, o pasto, que saiba fazer sabão, a charcuteria (linguiça, salame, etc.), criar porcos e galinhas; que saiba, ainda, sozinha educar, vestir e lavar a pequena família [...]". (G. Lombroso, 1908)

Entre quatro e meia e cinco horas da manhã começavam a trabalhar; às nove e trinta, a mulher do colono ou alguma criança levava o almoço, no qual se gastava meia-hora, pois às dez horas retornava-se ao trabalho. Ao meio-dia novamente um dos membros da família levava um pouco de café com pão e parava-se por mais quinze minutos. Em seguida, trabalhava-se até as dezessete e trinta sem nenhum descanso, para recomeçar tudo de novo no dia seguinte.

Nada se permitia além do trabalho, porque qualquer centavo dispendido a mais significava menos economia. (ALVIM, Zuleika M. F. Brava Gente! Os italianos em São Paulo (1870-1920). São Paulo: Brasiliense, 1986. p. 17 e 100)

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