"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

terça-feira, 13 de agosto de 2013

A Sabinada

Enquanto os balaios agitavam o Maranhão, em 1837 estourou na cidade de Salvador a Sabinada. Precedida por uma série de rebeliões, inclusive de escravos, a Sabinada foi uma conspiração de protesto contra alguns fatos acontecidos naquele ano, como a apresentação da Lei Interpretativa do Ato Adicional (emenda que mais tarde seria feita ao Ato Adicional de 1834) e a prisão do líder farroupilha Bento Gonçalves em Salvador. Diferentemente das demais rebeliões ocorridas no país, foi um movimento realizado por representantes da camada média da população em favor da república, que não mobilizou os setores menos favorecidos nem contou com o apoio de proprietários de terras.

Vista da cidade de Salvador na década de 1830. Detalhe da obra Bahia. Panorama da cidade de São SalvadorFriederich Salathz e Johan Steinmann

Em novembro, liderada pelo cirurgião Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, rebela-se a guarnição do Forte de São Pedro em Salvador, ocasionando a fuga de Bento Gonçalves. A partir daí, a Sabinada ganha a adesão de parte das tropas do governo e o presidente da província é obrigado a fugir. Os rebeldes proclamam então a República baiana, que deveria durar até o imperador assumir o trono.

A repressão veio logo a seguir e foi facilitada pelo fato de os participantes do movimento se terem isolado, não buscando o apoio de outras camadas da população nem de outras regiões da província.

Em 1838, ajudadas pelos proprietários rurais do Recôncavo, as tropas do governo empreenderam um verdadeiro massacre:

"Enfurecidos pela bravura com que se debatia o adversário, os soldados do Império assemelhavam-se a uma horda de bárbaros lançada sobre a cidade. A passagem de cada pelotão assinalava-se por atos de crueldade. Nas grandes fogueiras das casas incendiadas, lançavam pessoas vivas, indefesos prisioneiros. Dos chefes rebeldes, a nenhum dos que caíram prisioneiros, no ardor do embate, foi poupada a vida." (VIANA FILHO, 1938. p. 187)

Os que escaparam do massacre foram julgados por um tribunal que ficou conhecido como "o júri de sangue".

ALENCAR, Chico et al. História da sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1996. p. 146.

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