"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Revolução Inglesa (1640-1688)

Pensada originalmente como um termo astronômico por Nicolau Copérnico, a palavra “revolução” apareceu pela primeira vez no campo político, no decorrer do século XVII, a fim de designar o longo processo histórico iniciado na Inglaterra, em 1640, com a Revolução Puritana, seguido pela restauração monárquica de 1660 e concluído com a solução conciliadora da Revolução Gloriosa, no ano de 1688.

Por meio dessas três fases, a Revolução Inglesa trouxe consigo uma transformação sem precedentes na história da humanidade, liberando as forças modernizadoras do modo de produção capitalista das entranhas de um sistema feudal em decadência.

O processo revolucionário inglês apresenta-se, assim, como um modelo de transição ao capitalismo industrial, primeiramente de forma violenta, em 1640, logo depois, em 1688, de maneira conciliatória. Um processo que, ao término de meio século de lutas entre monarquia e Parlamento, por meio de uma solução monárquica constitucional, conseguiu criar a condição primordial para o crescimento econômico de orientação capitalista: a estabilidade política sob a nova direção de uma classe burguesa que tomou para si o poder estatal, fortalecendo-o em suas relações internas com outras classes sociais e em suas relações externas com outras nações.

Nesse contexto, realizando em termos práticos as orientações da teoria política liberal, a burguesia consolidou seus valores fazendo uso de uma monarquia limitada em seus poderes, isto é, o clássico mote do rei que reina mas não governa, pois quem dava as cartas a partir de então era a burguesia revolucionária.


Execução do rei Carlos I. Artista desconhecido.

E foi exatamente fundamentado no ideário liberal recém-nascido que os revolucionários ingleses do século XVII apresentaram ao mundo a primeira grande carta de direitos da modernidade – o Bill of Rights.

Por seu intermédio, a ideia de cidadania veio à tona, associada ao entendimento de que os indivíduos deveriam ter seus direitos garantidos e tutelados pelo Estado, sendo este responsável pela defesa e proteção das liberdades civis dos cidadãos: liberdade de pensamento e expressão, de ir e vir, religiosa, de propriedade etc.

Com isso, a Revolução Inglesa rompeu com a noção de que os indivíduos tinham apenas deveres a prestar ao soberano, inaugurando uma autêntica era dos direitos que seria devidamente ampliada em termos universalizantes com as duas outras grandes revoluções políticas que lançaram as bases da modernidade: a Francesa, de 1789, e a Americana, de 1776.


Marco Mondiani. Revolução Inglesa. In: BETING, Graziella. Coleção história de A a Z: [volume] 3: Idade Moderna. Rio de Janeiro: Duetto, 2009. p. 60-61.

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