"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

domingo, 9 de fevereiro de 2014

O outro lado de 1808

“O imaginário popular ilustra o período joanino com palácios, carruagens, banquetes, vestidos volumosos e leques. Mas a realidade, relegada até pela própria história, era bem diferente.

Em contraste à riqueza que aportou no Rio de Janeiro em 1808, as condições urbanas da cidade e de vida da sua população eram extremamente precárias, e com o aumento repentino das demandas, as carências ficaram mais evidentes: faltava água, comida e moradia. [...]

Rua Direita, Félix-Émile Taunay

Não havia sistema de esgotos. Os restos da casa, do banheiro à cozinha, eram jogados na praia para que as marés lavassem, e tudo era transportado em tonéis em ombros escravos. As ruas eram escuras e perigosas. A água potável era escassa e o abastecimento de alimentos era deficitário, principalmente o de carnes, cujo consumo era um luxo só presente em poucas ocasiões festivas no ano [...].

A vinda da corte e o crescimento da cidade da cidade levaram a um aumento rápido da população de escravos. Em apenas três anos, o número de cativos passou de 9.602 para 18.677, o que fez com que as ruas cariocas ficassem repletas de negros, escravos ou livres. Os negros eram cerca de três quartos da população.”


COSTA, Guilherme Martins; LEMLE, Marina. O outro lado de 1808. Revista de História da Biblioteca Nacional, 14 fev. 2008.

NOTA: O texto "O outro lado de 1808" não representa, necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.

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