"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Cotidiano e violência no Oeste dos Estados Unidos

Riso mata solitário, Charles Marion Russell

As pessoas que migraram para o oeste dos Estados Unidos buscavam novas oportunidades, mas, em geral, o que encontravam era uma uma dura rotina de trabalho. Dedicavam-se a atividades como agricultura, pecuária ou mineração. Em qualquer dessas atividades executavam tarefas pesadas, por não disporem de máquinas e instrumentos e pela necessidade de sobreviver em um ambiente natural muitas vezes árido e inexplorado.


Fumaça de uma 45, Charles Marion Russell

A maioria vivia em casas feitas de toras de madeira ou de torrões de terra amassada. Internamente, peles de animais ou cobertores separavam os cômodos. Eram casas insalubres, sujeitas a ataques de insetos que transmitiam diversas doenças, o que causava constante preocupação, pois praticamente não havia médicos nessa área. Assim, eram comuns doenças como a pneumonia, a tuberculose, a malária e as epidemias de cólera e varíola, que se alastravam facilmente.


Problemas no Camp Cook, Charles Marion Russell

Outra preocupação constante era a violência, já que a grande maioria das vilas e pequenas cidades que se formavam estavam distantes do poder central. Aventureiros em busca de fortuna fácil ou mesmo pessoas que não conseguiam trabalho assaltavam fazendas e aterrorizavam os habitantes do campo e dos povoados. Além disso, eram frequentes os enfrentamentos com os índios, que resistiam à ocupação de suas terras.


O desistente do rebanho, Charles Marion Russell

Em razão do reduzido número de autoridades policiais, a segurança era garantida por comitês de vigilantes escolhidos entre os cidadãos mais respeitáveis. Esses comitês realizavam julgamentos e execuções sumárias de pessoas suspeitas de assalto ou assassinato.


Índios descobrindo Lewis e Clark, Charles Marion Russell

A dura rotina de trabalho era quebrada pela reunião das pessoas em torno da praça da vila ou cidade, aos domingos. As famílias compareciam aos cultos religiosos e se inteiravam das notícias. A grande maioria da população, porém, era formada por homens solteiros, que trabalhavam como mineradores ou como vaqueiros dos grandes ranchos. Estes tinham como lazer jogar cartas, cantar e dançar nos salões ou beber nas tavernas. Apenas nas cidades maiores havia outras atrações, como circos itinerantes e companhias de teatro e de ópera.


Jogo de pôquer, Charles Marion Russell

Mesmo nos momentos de lazer, a violência era uma constante, pois os excessos com as bebidas e a reunião de um grande número de homens aventureiros geravam confusões e brigas. Muitas vezes acabavam em tiroteio e morte, pois era costume os homens andarem armados. Enfim, a violência era uma constante em um meio que reunia pessoas de origens muito diferentes e em geral frustradas pela não realização do sonho de riqueza fácil que motivara sua fixação no Oeste.


Um dia calmo em Utica, Charles Marion Russell

DREGUER, Ricardo; TOLEDO, Eliete. Novo História: conceitos e procedimentos. São Paulo: Atual, 2009. p. 159.


NOTA: O texto "Cotidiano e violência no Oeste dos Estados Unidos" não representa, necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.

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