"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

"O fardo do Homem Branco"

O poema “O fardo do Homem Branco”, do escritor britânico Rudyard Kipling, publicado originalmente em 1899, é um exemplo da política imperialista britânica travestida de “missão civilizadora”, mascarando os reais interesses econômico-financeiros e político-sociais. O Imperialismo é uma dualidade luz/sombra, civilizados/selvagens...

Esta propaganda de sabão usa o tema do "Fardo do Homem Branco" para encorajar pessoas brancas a ensinar noções de higiene a membros de outras raças. (1890)

Tomai o fardo do Homem Branco –
   Envia teus melhores filhos.
Vão, condenem seus filhos ao exílio
   Para servirem aos seus cativos;
Para esperar, com arreios
   Com agitadores e selváticos
Seus cativos, servos obstinados,
   Metade demônio, metade criança.

Tomai o fardo do Homem Branco –
   Continua pacientemente
Encubra-se o terror ameaçador
   E veja o espetáculo do orgulho;
Pela fala suave e simples
   Explicando centenas de vezes
Procura outro lucro
   E outro ganho de trabalho.

Tomai o fardo do Homem Branco –
   As guerras selvagens pela paz –
Encha a boca dos Famintos,
   E proclama, das doenças, o cessar;
E quando seu objetivo estiver perto
   (O fim que todos procuram)
Olha a indolência e loucura pagã
   Levando sua esperança ao chão.

Tomai o fardo do Homem Branco –
   Sem a mão de ferro dos reis,
Mas, sim, servir e limpar –
   A história dos comuns.
As portas que não deves entrar
   As estradas que não deves passar
Vá, construa-as com a sua vida
   E marque-as com a sua morte.

 Tomai o fardo do Homem Branco –
   E colha sua antiga recompensa –
A culpa de que farias melhor
   O ódio daqueles que você guarda
O grito dos reféns que você ouve
   (Ah, devagar!) em direção à luz:
“Porque nos trouxeste da servidão
   Nossa amada noite no Egito?”

Tomai o fardo do Homem Branco –
   Vós, não tenteis impedir –
Não clamem alto pela Liberdade
   Para esconderem sua fadiga
Porque tudo que desejem ou sussurrem,
   Porque serão levados ou farão,
Os povos silenciosos e calados
   Seu Deus e tu, medirão.

Tomai o fardo do Homem Branco!
   Acabaram-se seus dias de criança
O louro suave e ofertado
   O louvor fácil e glorioso
Venha agora, procura sua virilidade
   Através de todos os anos ingratos,
Frios, afiados com a sabedoria amada
   O julgamento de sua nobreza.

Rudyard Kipling (1865-1936)

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